sexta-feira, 28 de maio de 2010

21 de abril de 1960: nascia a Nova Capital Brasília e o Esporte Clube São José

OBS: Na foto acima vê-se ao fundo a casa da família de Arnaldo e Dora Ren, onde, em uma casinha de madeira muito bem conservada, cedida pela nossa maior e mais entusiasta incentivadora, a "dona" Dora, funcionava a sede do Esporte Clube São José. E era a própria "dona" Dora quem, espontaneamente, se dispunha a lavar as camisetas, calções e meias dos dois times (isso que à época não tinha ainda a hoje conhecida máquina de lavar) que formavam o Esporte Clube São José, nome que não lembro de onde ou como e nem por quem foi inspirado.


Pois, exatamente no dia em que o Brasil assistia a inauguração da "novacap" Brasília, em 21 de abril de 1960, construída na gestão do então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, nós jovens adolescentes, moradores da Rua Frederico Guilherme Ludwig, inaugurávamos o Esporte Clube São José, time de futebol de salão. O clube tinha, digamos, a sua própria cancha, em terreno cedido gentilmente pala Família Mencky, construída num terreno em declive situado nos fundos da casa da família Ren (que era a nossa passagem). A cancha, que era em terreno em declive, foi consturída e nivelava em sistema de mutirão, com a participação da maioria dos jogadores que pertencia ao E. C. São José e do Real Futebol Clube, nosso principal adversário, integrado por João Alberto Wütrock (o Joãozinho Mandolate, goleiro), os irmãos Manoel Airton, Jaclém (o Jáco) e Whinigton (o Teca), o mano Osmar Pagot (o Toruca), os também irmãos Neca e Kidi e Vanderley Mahfuz (o Piquinho), que, com picaretas, enxadas, pás e carrinhos-de-mão conseguímos nivelar o terreno e assim termos a nossa própria e exclusiva cancha de futebol de salão, hoje futsal. Muitos outros não participaram ativamente, pois moravam longe e só podiam participar dos jogos nos domingos.

INAUGURAÇÃO DA CANCHA COM TIRO DE CANHÃO


A inauguração da cancha, cuja partida foi realizada entre o Esporte Clube São José X Real Futebol Clube, obviamente, teve um lance simplesmente surpreendente, inesquecível e sui generis: o "seu" Hans Wütrock, mesmo com sério problema de saúde, era um habilidoso e detalhista artesão, e assim construía miniaturas de navios e aviões com os mínimos detalhes que pareciam demais com os grandes que participaram da II Guerra Mundial, da mesma forma que canhões. E foi com um desses, que atirava bombas de verdade, porém em miniatura, que ele deu o "tiro inicial" em lugar do tradicional "ponta-pé inicial", inaugurando a novíssima cancha. Sem dúvida, os aplausos e a ovação foi unânime e a partir disso a alegria e o entusiasmo tomou conta da turma de atletas e do grande número de pessoas, entre familiares e amigos, que foram conferir o feito e prestigiar o evento esportivo. Daquele dia em diante havia sempre um significativo número de pessoas: casais, adultos, adolescente e crianças, prestigiando os nossos jogos e torneios, como o que foi conquistado pela equipe "B", do Esporte Clube São José, em 1960. Tanto que, para conseguirmos receita para a compra das camisetas, calções, meias, guides (hoje tênis) e bolas, montávamos um bar-lancheria, com o balcão feito de tábua em formato de "L", dotado de refrigerantes e doces e fatias de bolos que eram oferecidos pelas mulheres de "A Minha, Nossa Rua", que se cotizavam para que nós vendéssemos e assim angariássemos receita para o clube, além de termos realizado o concurso, através de venda de votos, para a escolha da Rainha do Clube, cuja eleita foi Neusa Bernardes, que rendeu bom resultado financeiro e serviu muito à compra dos fardamentos das equipes "A" e "B" do São José. Lembro como se hoje, quando chegaram os primeiros fardamentos: foi como se uma alegria indígena, bem ao estilo do tempo de Cabral, quando recebiam espelhinhos. Uma festa e uma comemoração singular.

A divisão em dois times provocou uma divergência entre o então presidente do clube, Hugo Ren e o vice-presidente e técnico Francisco Antonio Pagot, na escalação dos times "A" e "B". Assim, depois da polêmica, ficou acordado que Hugo se encarregaria, com prioridade na seleção dos jogarores, de escolher os que formariam no time "A", enquanto que os que restassem formariam o time "B", sob a orientação do Chico. Antes do Chico (Xico Júnior) ser o técnico, quem treinava e escalava o time era José Guerra que, devido a uma polêmica gerada com o presidente do clube, Hugo Ren, acabou se demetindo, assumindo em seu lugar o Chico, como técnico e jogador.

O time "A" tinha, entre outros, o próprio Hugo atuando de zagueiro fixo, José Henemann como goleiro, Luiz Fernando Loureiro e Nelson Ren, pelas laterais e Bruno Pagot jogando na frente, como atacante. Já o time "B" tinha como goleiro Antônio Fogaça, Carlos Gilberto Fernandes de Vargas (o Giba) como zagueiro fixo, Ademir D´Arrigo (o Polenta) e Chico (Xico Júnior) pelas laterais e Felipe Collares jogando à frente, como atacante, enquanto que Odir Bertoletti era o reserva substituto.

O primeiro e único torneio realizado com a participação de dois times do Esporte Clube São José: equipe "A" e "B"; duas equipes do Real Futebol Clube "A" e "B": João Alberto Wütrock (o Joãozinho), os irmãos Guerra: Manoel Airton e Jacém (o Jáco), os irmãos Neca e Ki, Osmar Pagot (o Toruca) e Vanderley Mahfuz (o Piquinho); o Esporte Clube Coimbra, formado pelos irmãos Possebon (Luiz Antônio, Beto, Zezo, Sérgio e os primos Pazetto (Paulo e Chiquinho) e mais o Independente, este formado pelos irmãos Balbinot (Antenor, Valmir, Renato e Walter (o Guinga) e mais o "Vaqueiro". Sagrou-se campeão invicto, a equipe "B" do Esporte Clube São José, com a formação conforme documenta a foto acima.

Esse blog, representa também, uma homenagem à saudosa "dona" Dora que, além de incentivar e apoiar a turma e a formação do Clube, nos domingos à tardinha, já anoitecendo, logo após os jogos, oferecia a sua área nos fundos da sua casa, parte térrea, com piso recoberto de cimento queimado com toque de pintura avermelhada para que realizássemos os nossos bailinhos, com toda a turma do futebol e as meninas da "A Minha, Nossa Rua", animados com "bolachões" em vinil, que ela fazia rodar na vitrola. Músicas dos cantores da Jovem Guarda eram raras, mas a coleção de LPs, (Long Plays em vinil), com tangos, boleros, guarânias, rumbas, baladas era bastante mais ampla. Assim, lembro que a primeira música que dancei na minha vida foi o tango "Cinzas do Passado", composição de Cláudio de Barros e interpretado pelo cantor de tangos Albertinho Fortuna, que vai postado abaixo.
.
Hoje, com o advento da internet, os amigos distante se tornaram mais próximos, e os mais próximos se distanciaram.